quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Patagón I - Entrando na Patagônia

Estamos em Bahia Blanca. A data é 8 de março de 2006 e estamos começando o 4º dia de viagem. Até agora foram rodados 2070 quilômetros desde Porto Alegre. Hoje esperamos entrar oficialmente na Patagônia!
Depois dos arranjos da noite anterior, tudo correu bem. Ficamos num hotel simples, ou melhor, “hospedaje”, chamada Victoria, na calle General Paz, nº 84. Tinha sido reformada a pouco tempo e o preço estava em conta. O dono não era muito simpático e o pagamento teve que ser feito em “efectivo”, pois não aceitam cartões de crédito. Tirando esses detalhes, de resto, tudo bem! Pelo menos escapamos do hotel do vampiro!
Após a faina do café da manhã e de arrumarmos as bagagens nos carros tínhamos gasto umas duas horas. Praticamente foi esse o ritmo inteiro da viagem. Mesmo que se acorde cedo, termina-se por sair tarde! Depois de acertarmos tudo na hospedagem ainda passamos no mercado para comprar algumas guloseimas. A Márcia comprou umas peras e ameixas muito bonitas. Numa loja de “repuestos” da Fiat paramos para trocar a lâmpada do farol da Adventure do Fernando, que estava queimada desde a entrada na Argentina. Por aqui é obrigatório o uso de faróis acessos na estrada e a multa é certa se desrespeitar.
Partimos de Bahia Blanca às 9:45 e tomamos a ruta 22 na direção de Rio Colorado. Ainda não tínhamos andado muito e logo mudamos de Província, deixando Buenos Aires e entrando numa pontinha de La Pampa. Bem, nessa transição de províncias geralmente existe uma fiscalização policial e, para nossa infelicidade, a fiscalização fitossanitária. Polícia, tudo OK; fiscal sanitário, negativo! Revistaram o carro e a primeira coisa que fizeram foi tomar as peras e as ameixas maravilhosas que a Márcia comprara uma hora atrás! Esquecemos desse detalhe importante; quer dizer, a Márcia esqueceu!!! Não é permitido seguir com frutas entre determinadas províncias, pois procura-se evitar a dispersão de pragas. E olha que já tínhamos sido avisados. Aquelas frutas lindas foram parar dentro de um triturador, sem que pudéssemos sequer saboreá-las um pouquinho. A Martinha e o Fernando, que também tinham comprado umas frutas, quando viram aquele confisco, trataram de camuflar as suas, conseguindo burlar a revista. Espertinhos!
Passada a tristeza pela perda das frutas, seguimos adiante. A paisagem começou a se modificar claramente. Estávamos entrando numa zona de transição de biomas argentinos, deixando as estepes e campos pampeanos e passando para a zona dos espinhais, de características mais desérticas (post Conhecendo 5 biomas argentinos). De repente, sem mais nem menos, avistamos uma placa! Você está entrando na Patagônia! Bom, foi uma surpresa, pois eu estava esperando cruzar o rio Negro, mais ao sul, para entrar na área geográfica tida como a Patagônia argentina! Mesmo assim, ficamos em estado de alegria ao ver aquele primeiro sinal da região pela qual todos ansiavam. Paramos e tiramos umas fotos. Caminhei no acostamento até uns matagais e apanhei uns frutos secos que eu identifiquei como sendo do “ñandubay”, Prosopis affinis. Pequenas plantas herbáceas em florescência formavam um colchão amarelo na beira da estrada e nos descampados. Vários rolos de poeira começaram a aparecer com o vento que soprou mais forte.

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