segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Machu Picchu e fotografias de Hiram Bingham

No último dia em que estivemos em Cusco fizemos algumas caminhadas pela cidade e eu aproveitei para comprar um livro sobre Machu Picchu. O livro chama-se "Machu Picchu, la ciudad perdida de los incas", por Hiram Bingham. O título original da obra é "Lost City of the Incas". 
Esse livro é o relato do Professor Bingham a respeito da descoberta de Machu Picchu em 1911. Portanto, no ano de 2011 será completado o centenário de um dos maiores achados arqueológicos de todos os tempos. Eu cheguei a ver no Museu Inca uma linda fotografia do sítio arqueológico na época de sua descoberta, no momento em que o Sr. Bingham e sua equipe começavam a realizar a limpeza da vegetação que crescera sobre as construções, provavelmente na expedição que se seguiu, em 1912. Depois fiquei sabendo que existem mais de 12.000 fotografias documentando as expedições de 1911, 1912 e 1914/1915. Lamentei o fato da edição do livro que eu comprara ter substituído as 12 fotografias originais feitas pelo Professor Bingham e trocado-as por fotografias modernas. Desta forma resolvi procurar alguns arquivos dessas imagens  que estão disponíveis em determinados sites na internet. Apresento algumas dessas mais abaixo.
E dessa singela busca pelas fotografias terminei conhecendo uma polêmica envolvendo a exploração  de Machu Picchu. Duas discussões importantes nós já conhecíamos a partir das explicações dos guias peruanos. Machu Picchu nunca foi uma cidade "perdida", mas apenas uma cidade abandonada por seu povo, ainda no princípio da invasão espanhola. Os povos indígenas que continuaram habitando o vale do rio Urubamba sempre souberam a respeito de sua existência. Inclusive foram indígenas que viviam nesse vale que conduziram o historiador Hiram Bingham até a cidade. Esses indígenas faziam uso de alguns dos andenes de Machu Picchu para os seus cultivos. Portanto, o Professor Bingham é considerado o "descobridor científico" da cidade, pois foi o primeiro a estudá-la, mapeá-la e divulgá-la ao mundo. 
A segunda polêmica reside no fato de que o Sr. Bingham retirou do Perú aproximadamente 4.000 objetos arqueológicos, entre cerâmicas, objetos de metal, ossos humanos etc., levando-os para a Universidade de Yale, nos Estados Unidos, para estudos científicos. A licença fornecida pelo governo peruano teria uma validade de 18 meses, mas já transcorreram quase 100 anos e esses objetos nunca foram devolvidos ao país de origem. Recentemente, após duras batalhas e fervorosas discussões empreendidas pelo povo peruano, no mês de novembro passado, foi anunciado um acordo entre a Universidade de Yale e o Governo do Perú para repatriar os objetos arqueológicos. Embora exista uma crescente tendência internacional para os casos de espoliação arqueológica, caso do Perú, Egito e de tantos outros países pobres que foram saqueados de seus tesouros culturais por exploradores de diversas nações "desenvolvidas", resta saber se o acordo será efetivamente cumprido!
A terceira polêmica eu fiquei conhecendo nos últimos dias, justamente por estar procurando as fotografias antigas. Em 2008 foi divulgado por um pesquisador independente, Paolo Greer, de que o verdadeiro descobridor de Machu Picchu teria sido um engenheiro alemão chamado Augusto R. Berns, que pelo que se sabe teria conduzido um "empreendimento" como saqueador de tumbas incas no Perú, um "huaquero", em especial no vale do Urubamba. Isso 40 anos antes de Bingham chegar em Machu Picchu. Só que no próprio livro do Dr. Bingham ele admite, em mais de um trecho, que durante o período de esquecimento da cidadela, outros deveriam tê-la visitado e saqueado objetos de grande valor.
Seja qual for a polêmica em torno da descoberta científica e dos métodos empregados pelo Dr. Hiram Bingham, é inegável a sua contribuição para a divulgação de Machu Picchu, alavancando esse sítio arqueológico para uma condição de renome internacional na ciência e no turismo e passando a ser considerado uma das grandes maravilhas produzidas pelo ser humano no mundo.

Hiram Bingham, o descobridor científico de Machu Picchu.
Deslocamento da expedição de 1911.
Machu Picchu, como foi encontrada pelo Professor Bingham em 1911.
Escavações em Machu Picchu, Expedição de 1912.
Templo do Sol. Após as escavações em 1912.
Operações de limpeza da vegetação durante a expedição de 1912.
Machu Picchu, após as operações de limpeza da vegetação em 1912.

5 comentários:

Carol disse...

Obrigada, o seu link também já está em www.contandoviagem.com
Abraço!

Claudio Arriens Santos disse...

Evandro, ótima pesquisa, gostei muito de ver as fotos originais de Bingham.

Evandro Colares disse...

Olá, Cláudio! Para ser sincero, estava esperando o teu comentário, hehehe, em particular por tu seres fotógrafo. Olha, existem fotografias belíssimas desse período. Bingham foi patrocinado pela National Geographic e também pela Kodak. Assim, fez muitas fotografias durante suas expedições ao Perú. Garimpando na internet é possível encontrar mais algumas talvez. Abraço!

Vander Dissenha disse...

Oi,

Em Cuzco e proximidades existem edições diferentes desse livro do Hiram Bingham. Algumas edições tem as fotos originais em preto e branco, outras edições tem fotos atuais coloridas e outras nem possuem fotos. É uma questão de procurar.

Abraço,

Vander

Evandro Colares disse...

Olá, Vander! Muito obrigado pela visita. Lamentavelmente não encontrei a edição que referes, pois o tempo foi curto para visitar tantas ruínas e Cuzco. De qualquer forma, valeu a dica! Saudações!

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