sábado, 27 de novembro de 2010

Expedição Inti & Killa II - Décimo-sétimo dia - 20/09/2010

Amanheceu e estávamos em Puno. Chegara o momento de retornarmos ao Brasil! A última etapa dessa linda viagem que empreendemos ao sul do Perú. Nosso trajeto previa a volta pelo Chile e Argentina, praticamente refazendo o caminho da ida. Era a opção mais segura pois estávamos viajando "solo". Só que o destino carregou-nos para um país praticamente descartado no planejamento da viagem, a Bolívia!
A Bolívia já era nossa conhecida de 2009. Estivemos no sul do país fazendo uma expedição pelo Salar Uyuni. Trata-se de um país muito interessante, de grandes belezas naturais e rica história, mas um tanto complicado em nossa avaliação. Problemas com agentes da fronteira e a polícia, falta de estrutura no país, pouco acolhimento da população em geral, entre outras dificuldades, são ingredientes que podem causar aborrecimentos numa visita ao país. Só que com vantagens tentadoras: redução de um dia no trajeto de retorno ao Brasil e a possibilidade de conhecer novas paisagens e lugares!
Saindo de Puno nossa intenção era seguir na direção de Tacna, bem ao sul do Perú, ingressar no norte do Chile via Arica e chegar em San Pedro de Atacama ao anoitecer. Só que para chegar em Tacna a estrada seguia margeando o Lago Titicaca e conduziria primeiro até Desaguadero, bem na fronteira entre o Perú e a Bolívia! Alí, a Bolívia, bem no nosso caminho, tentando, representando mais aventura! 
Eu vinha dirigindo quieto, sem quase falar com a Márcia; a cabeça fervilhando em pensamentos e ponderações intermináveis! Vamos, não vamos? Vantagens e desvantagens! E a segurança pessoal? Estamos sozinhos. Câmbio; mais uma troca de moeda; de quantos bolivianos precisaríamos? A fronteira; será que complicariam conosco? E dessa vez não compartilhei com ela e assumi o risco pela decisão. Simplesmente comuniquei: "Voltamos pela Bolívia; vamos arriscar pois eu acho que vale a pena!" Ela manifestou certa preocupação, mas como boa aventureira que é, apoiou a modificação radical no trajeto.

Partindo de Puno, às margens do lago Titicaca.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Expedição Inti & Killa II - Décimo-sexto dia - 19/09/2010 - II

Após a visita às comunidades flutuantes de Uros seguimos para a última parte do passeio no lago Titicaca, tomando o rumo da isla Taquile. Foram mais duas horas de navegação até chegarmos num dos portos da ilha. Os objetivos do passeio foram conhecer outra comunidade nativa e fazer uma caminhada leve de um extremo ao outro da ilha, passando pela Plaza Central, a aproximadamente 4000 metros de altitude. O almoço num restaurante caseiro também estava incluído na programação.
Os 2500 taquileños vivem basicamente do plantio de milho, batata, quinua e alguns outros tipos de vegetais. Cada família possui algumas ovelhas e também poucas vacas para arar a terra. Na parte de artesanato,  outra fonte de renda importante dos habitantes, encontram-se tecidos que estão entre os mais requintados do Peru. Segundo nos informou o guia da excursão, não é permitido que qualquer porção da ilha seja negociada, impedindo assim que o estilo de vida comunitário seja afetado de modo drástico por influências exteriores. Considerando a beleza rústica e natural do local, certamente não faltariam interessados em construir mansões e hotéis de luxo nas encostas da ilha, o que certamente descaracterizaria a cultura dos taquileños.
O que mais chamou a minha atenção no passeio foram os semblantes de linhas fortes do povo e  o seu ar reservado e distante. As suas vestimentas também são diferentes dos outros locais que estivemos visitando. Os homens vestem roupas escuras com  cintos bordados de lã e gorros coloridos. Já as mulheres vestem saias coloridas em camadas e chales pretos sobre a cabeça.
Durante a nossa breve estada na ilha presenciamos uma reunião da comunidade. Foi até algo engraçado,  pois os nativos estavam reunidos em assembléia e concentrados na praça central. Como estavam paramentados e com ar todo solene, os turistas que visitavam a localidade ficaram bastante entusiasmados, pois pensaram que iriam presenciar algum tipo de show. Um dos líderes da comunidade dirigiu-se em espanhol aos visitantes desejando-lhes boas vindas e depois seguiu em  interminável discurso na língua nativa, o Quéchua. Aí, a turistada que continuava fotografando e esperando o tal "show", sem entender nadinha do que o nativo falava, foi percebendo que a reunião era coisa séria e que estavam alí para tratar de problemas da vida deles, e que não tinha nada de divertimento para os turistas!!! Aos poucos, com as caras de bobo, todos foram dispersando de fininho.
Pois bem, lá pelas 4 da tarde nos despedimos da isla Taquile e de seus nativos. Chegamos ao porto de Puno depois de 2 horas e meia de navegação, brindados por um belo pôr-do-sol. À noite ainda encontramos o casal Miriane e Paulo para um agradável jantar, concluindo com chave de ouro as visitas no sul do Peru. A excitação pela viagem de retorno ao Brasil já começava a tomar conta das nossas mentes!


















sábado, 6 de novembro de 2010

Expedição Inti & Killa II - Décimo-sexto dia - 19/09/2010

Recordando, na véspera tínhamos chegado na cidade de Puno. Hoje passaríamos o dia embarcados para visitar o lago navegável em maior altitude no mundo, o Titicaca. O programa já estava acertado e logo cedo passaram no hotel para nos apanhar. Nossas visitas incluiam as comunidades indígenas das ilhas de Uros e da ilha Taquile. No início da viagem ao Peru também estivemos pensando em pernoitar na ilha Amantani para termos um pouco de vivência com o povo indígena local, mas ainda em Cusco resolvemos cortar em nome de mais um dia de estada naquela cidade.
No barco da excursão encontramos, só para variar, muitos turistas europeus. Mas logo no início fizemos amizade com um casal de brasileiros muito querido, Miriane e Paulo, de Cascavel, Paraná, com quem conversamos e divertimo-nos bastante durante todo o dia.
A primeira parte do passeio foi realizada nas ilhas flutuantes do povo Uros. Os Uros são um povo indígena de origem pré-incaica que, pelas explicações do nosso guia, passou a habitar essas ilhas flutuantes justamente para fugir da dominação dos Incas. As ilhas artificiais são feitas de "totora", uma erva aquática da família das Ciperáceas, conhecida popularmente no  Rio Grande do Sul como junco (Schoenoplectus californicus), porém não sei se da mesma espécie. De qualquer forma, a paisagem nas margens do lago povoado com essas plantas lembra, e muito, o querido Guaíba e a linda lagoa dos Patos!
Pois bem, as ilhas são feitas de nacos flutuantes de raízes de totora, amarrados cuidadosamente uns nos outros para constituir a base. Assim, seu tamanho pode ser aumentado ou diminuído conforme os interesses da comunidade. E se você não gostar de seus vizinhos, basta serrar o seu pedaço da ilha e partir para outro ponto do lago, hehehe! O piso é formado por sucessivas camadas das hastes da totora, dispostas longitudinalmente e transversalmente umas sobre as outras. As ilhas são ancoradas em rochas (16 metros de profundidade no caso da ilha visitada) para não serem arrastadas pelo vento lago adentro. O trabalho de manutenção é contínuo para compensar a decomposição natural das palhas da totora. As casas e barcos são construídas do mesmo material. Também as tenras bases das hastes de totora podem ser consumidas como alimento. Assim, esse povo milenar desenvolveu todo um modo de vida especial com base nessa erva aquática. Muito embora os Uros contemporâneos já possuam vários confortos da vida moderna, ainda assim foi possível ter uma boa idéia a respeito do seu modo de vida singular.

Com o casal Miriane e Paulo, de Cascavel, Paraná.








Com a foto da nossa sobrinha amada, Keka.
Ainda vamos arrastá-la para uma dessas viagens de aventura, hehehe!!! 
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...